O remake de Until Dawn para a PlayStation 5 oferece uma nova camada de horror imersivo que leva os jogadores de volta ao isolado e arrepiante cenário de Blackwood Mountain, desta vez reconstruído com a tecnologia de ponta do Unreal Engine 5.
O jogo, que foi originalmente lançado para PS4 em 2015, foi responsável pelo início de muitos dos jogos de terror narrativos, misturando elementos de slasher com a estética cinematográfica. O remake eleva a experiência com visuais deslumbrantes, jogabilidade refinada e novas adições que aprofundam ainda mais o mistério e o terror, mas… será que era mesmo preciso?
Narrativa: um enredo que se reinventa
O enredo de Until Dawn continua a ser o ponto forte do jogo. Inspirado em clássicos do cinema de terror, os famosos slashers, a história gira em torno de um grupo de oito amigos que se reúnem numa cabana na montanha um ano após a trágica morte das irmãs Hannah e Beth Washington. Este encontro, que começa como uma tentativa de superar o trauma do passado, rapidamente se transforma numa luta pela sobrevivência quando os jovens descobrem que não estão sozinhos. Uma força sombria parece caçá-los e, à medida que a noite avança, segredos enterrados começam a vir à tona.
A grande força de Until Dawn reside na sua narrativa interativa, onde cada decisão do jogador pode alterar o curso dos eventos e o destino de cada personagem. O famoso efeito borboleta volta a estar em destaque, onde pequenas escolhas — seja uma resposta a um diálogo ou uma ação durante uma cena de perseguição — podem ter repercussões catastróficas. Esta mecânica torna cada jogada única, garantindo que o jogador sinta o peso de cada decisão. Para além disso, no remake, as cenas foram reeditadas, aprofundando ainda mais as interações entre personagens e acrescentando novas camadas à história, para que mesmo os jogadores veteranos encontrem algo de novo e surpreendente.
Uma experiência visual impressionante mas com sacrifícios
Graças à reconstrução total no Unreal Engine 5, Until Dawn surge com uma nova vida, apresentando visuais de última geração que tiram partido do poder da PS5. A iluminação dinâmica, texturas altamente detalhadas e as animações faciais aprimoradas tornam o ambiente mais realista e aterrador do que nunca. Desde os corredores escuros do chalé até às florestas densas e nevadas de Blackwood Mountain, cada cenário está repleto de detalhes que aumentam a sensação de isolamento e perigo iminente.
A estética cinematográfica, que já era um ponto forte do original, foi ainda mais refinada. Através da captura facial avançada, o remake consegue transmitir uma gama de emoções detalhada nos personagens, tornando cada cena tensa e imersiva. Personagens como Hayden Panettiere (Sam) e Brett Dalton (Mike) foram recriados com uma precisão impressionante, o que eleva ainda mais o nível de realismo e imersão. Ver o terror estampado nas suas expressões à medida que os acontecimentos desenrolam-se é algo que mergulha o jogador ainda mais fundo na atmosfera opressiva do jogo.
No entanto, esta fidelidade afecta o desempenho do jogo e faz com que a balança entre melhores visuais, ou melhor desempenho, pesem fortemente na nossa experiência. Para um remake de um jogo que já apresentava excelentes visuais, era esperado que o jogo fosse correr a 60fps, no entanto, corre apenas a 30fps e nem sempre estáveis, com quebras ocasionais em certas partes do jogo.
Algo que deixará muitos jogadores a pensar se não bastaria jogarem a versão PS4 (a 60fps) e usufruir ainda mais desta experiência.
Novas melhorias de jogabilidade e um maior envolvimento
Além do avanço do motor gráfico, o remake traz várias novidades na jogabilidade. Para além das novas áreas para explorar e colecionáveis inéditos, foram introduzidas alterações subtis, mas significativas nas mecânicas de jogo, que aprimoram a fluidez e a intensidade da experiência.
A maior adição é o uso das capacidades únicas do DualSense, o comando da PS5. O feedback háptico permite que os jogadores sintam cada vibração e movimento, aumentando a tensão durante os momentos mais intensos. Por exemplo, as perseguições ganham uma nova camada de intensidade à medida que o comando vibra conforme os personagens correm ou tentam esconder-se. Os gatilhos adaptativos também entram em ação, dando uma sensação mais tátil às interações com o ambiente. Desde abrir portas até usar armas, a imersão é reforçada de uma forma que não era possível na geração anterior.
Outro elemento que merece destaque é a nova câmara em terceira pessoa, que oferece uma perspetiva mais ampla do cenário. Esta mudança permite uma exploração mais profunda dos ambientes, ao mesmo tempo que melhora a perceção do jogador nos momentos de ação ou tensão.
Os quick time events (QTEs), uma mecânica central do jogo, também foram refinados, tornando-se mais responsivos e intuitivos, sem perder a capacidade de fazer o coração do jogador disparar em momentos de alta pressão.
Banda sonora e som ambiente – Um terror envolvente
Uma das novidades mais entusiasmantes deste remake é a introdução de uma trilha sonora completamente nova, composta por Mark Korven, famoso pelas suas contribuições para o género de terror. A música, em colaboração com a equipa de música da PlayStation Studios, foi pensada para complementar o ambiente sinistro de Until Dawn, oferecendo temas únicos para cada personagem e situações de tensão.
Além da banda sonora instrumental, o jogo conta com uma curadoria musical que inclui artistas como Purity Ring e SG Lewis, cujas músicas complementam a atmosfera contemporânea e inquietante de Blackwood Mountain. Este equilíbrio entre música licenciada e composição original cria um ambiente sonoro rico, capaz de aumentar a intensidade emocional e o suspense ao longo do jogo. Cada som, desde o vento gélido a uivar nas montanhas até ao mais subtil ruído nos corredores escuros do chalé, foi introduzido para maximizar a imersão.
Um elenco que brilha ainda mais
O elenco de Until Dawn sempre foi um dos seus maiores destaques, e no remake, o nível de detalhe e expressão facial elevam as performances para outro patamar. Através de uma captura de movimentos mais avançada, personagens como Sam (interpretada por Hayden Panettiere) ou Mike (interpretado por Brett Dalton) parecem mais reais e expressivos, o que aumenta o impacto emocional de cada cena.
A interação entre os personagens foi também refinada com novas cenas e diálogos que adicionam profundidade às suas personalidades. Cada decisão tomada pelo jogador não só afeta o destino dos personagens, como também revela novas camadas da sua psique, explorando quem realmente tem o que é preciso para sobreviver à noite. Esta profundidade narrativa faz com que o jogador se sinta mais envolvido nas suas histórias e nas suas vidas, o que torna as suas mortes (ou sobrevivências) ainda mais emocionantes e dolorosas.
Um remake que faz jus ao original, mas que podia ter chegado mais tarde
O remake de Until Dawn para a PS5 e PC é uma verdadeira celebração do género de terror interativo. A reconstrução no Unreal Engine 5 não só trouxe um visual e som de última geração, como também aproveitou as funcionalidades do DualSense para criar uma experiência mais imersiva e envolvente. Com novas cenas, novas áreas para explorar e melhorias na jogabilidade, o remake oferece uma versão refinada e melhorada de um jogo que já era aclamado, mas a preço de novo lançamento e com algumas limitações de desempenho pelo caminho.
Se és fã de jogos de terror ou de narrativas interativas e nunca jogaste Until Dawn, então este remake é obrigatório. Esta nova versão oferece a capacidade de sentir o terror de forma ainda mais palpável; prepara-te para uma experiência de horror que irá deixar-te preso ao comando até ao último segundo.
