Em 2018, a Two Point Studios, em colaboração com a SEGA, trouxe de volta o espírito do clássico com o lançamento de Two Point Hospital. O sucesso foi imediato e não parou por aí: em 2022, a Two Point Studios expandiu ainda mais o universo com Two Point Campus, oferecendo aos jogadores a oportunidade de gerir uma universidade de forma hilariante e criativa. Agora, em 2025, chega Two Point Museum, o mais recente título da série, que leva os jogadores a assumir a responsabilidade pela criação e gestão de museus.
Índice
- (Introdução) Onde tudo começou
- (A grande novidade) Two Point Museum aposta numa grande novidade: Expedições
- (Jogabilidade) Para além das expedições, é preciso muita gestão
- (Jogabilidade) Mas isto não é só construir, é preciso ter cuidado com as pessoas e as contas
- (Humor) Humor no ponto a par com a identidade da Two Point
- (Gráficos) Visualmente com margem para mais mas cumpre
- (Modos de jogo) Não querem a pressão das missões? Joguem em sandbox
- (A melhorar) Uma excelente simulação com margem de progressão
- (Conclusão) Uma evolução promissora
Onde tudo começou
Mas antes de lá irmos, um breve contexto: para nós, tudo começou nos finais da década de 90, quando um jogo veio redefinir como os jogadores viam o género tycoon. Theme Hospital, publicado pela Electronic Arts, não foi apenas mais um jogo de gestão; foi uma verdadeira revolução na forma como o humor, a jogabilidade simples e situações absurdas poderiam ser integrados de maneira envolvente e cativante. Com um estilo visual cartoonesco e uma abordagem descontraída, Theme Hospital tornou-se rapidamente um clássico, conquistando uma legião de fãs ao longo dos anos. Embora o género tenha evoluído, oferecendo uma gestão cada vez mais detalhada e complexa, o que fez Theme Hospital brilhar foi a sua capacidade de manter o jogador entretido com jogabilidade acessível e uma boa dose de humor; ainda hoje temos presente aqueles momentos em que os nossos pacientes ficavam de cabeça inchada e pum🤯!

Two Point Museum aposta numa grande novidade: Expedições
À primeira vista, Two Point Museum pode parecer apenas mais uma versão da fórmula consagrada da franquia, onde a gestão se mistura com a comédia e a personalização. No entanto, o jogo traz uma novidade significativa que o distingue dos seus antecessores: a introdução das Expedições. Esta mecânica adiciona uma camada extra de profundidade ao jogo, permitindo que os jogadores enviem equipas de exploradores para diferentes partes do mundo, à procura de artefactos raros e valiosos para as suas coleções.

Antes de cada Expedição, precisamos de preparar a equipa que é sempre composta por exploradores com habilidades específicas, e em alguns casos, até mesmo garantir que os exploradores tenham o equipamento necessário para completar a missão com sucesso. As expedições variam em dificuldade: algumas são relativamente simples e rápidas de completar, enquanto outras exigem um planeamento cuidadoso, investimento de recursos e tempo.
Como qualquer boa aventura, os imprevistos surgem pelo caminho, com acidentes ou eventos imprevistos que podem alterar drasticamente o rumo da missão. E, como se isso não fosse suficiente, nem sempre os artefactos que os jogadores recolhem estão completos. Muitas vezes, será necessário enviar várias expedições para reunir todas as peças de um objeto ou artefacto, tornando o processo ainda mais desafiador e envolvente.
Por vezes somos até chamados a tomar uma decisão de risco: É seguro ir espreitar a gruta do ‘Yeti’ ou é melhor mandar a equipa seguir caminho? A decisão fica à distância de um clique e a recompensa/risco só a sabem depois.

Para além das expedições, é preciso muita gestão
Apesar de as expedições serem o grande destaque de Two Point Museum, principalmente quando comparado com os jogos anteriores, esta não é a sua única novidade. A gestão do museu em si também recebeu melhorias significativas. A interface foi simplificada, tornando a personalização e organização das exposições mais intuitivas e acessíveis, o que facilita a imersão no jogo. O modo campanha também passou por alterações, deixando de ser uma experiência linear onde o jogador geria um único museu de cada vez. Agora, os jogadores alternam entre vários museus, cada um com suas próprias características e temas, revisitados ao longo da campanha para refinar as exposições e melhorar a experiência dos visitantes.
O jogo apresenta cinco museus, cada um com uma temática única:
- Memento Mile: dedicado à pré-história e botânica.
- Passwater Cove: focado na vida marinha.
- Wailon Lodge: com ênfase no sobrenatural.
- Pebberley Heights: explorando o espaço e o cosmos.
- Bungle Wasteland: dedicado à ciência e às descobertas tecnológicas.
Cada um desses museus apresenta mecânicas e desafios próprios que vão além da simples decoração e organização. Por exemplo, o museu dedicado à vida marinha vai exigir que o jogador crie exposições que incluam fauna marinha, enquanto o museu dedicado ao espaço vai exigir uma abordagem mais voltada à ciência e às descobertas cósmicas. Os visitantes dos museus, por sua vez, também têm perfis variados, desde famílias em busca de entretenimento até professores e estudantes que procuram um conhecimento mais aprofundado. Para manter todos satisfeitos, os jogadores devem equilibrar três fatores fundamentais: Buzz (a popularidade do museu), Conhecimento (informações sobre as exposições e laboratórios de análise) e Entretenimento (exposições interativas e eventos especiais).

Two Point Museum acaba por correr a um ritmo que permite-nos assimilar estas mecânicas, graças a várias explicações e um tutorial de introdução que depressa deixa o jogador à vontade.
A progressão da história está também bem equilibrada, fazendo com que o jogador navegue entre os vários museus de forma pausada. Cada vez que regressamos a um museu por onde já passámos, trazemos aprendizagens e melhorias dos outros museus, o que faz com que toda a evolução seja natural e divertida.
Mas isto não é só construir, é preciso ter cuidado com as pessoas e as contas
À medida que vemos o nosso museu a crescer, vamos percebendo que o dinheiro diminui a um ritmo rápido. E para além disto, é preciso também manter o nosso pessoal (funcionários) motivados. Para isto, é preciso ter muita atenção às contas e se preciso, até pedir um empréstimo aos vários bancos disponíveis.
Em relação ao nosso pessoal, para além da parte financeira, podemos até personalizar a sua aparência, nome e mais importante que tudo: oferecer-lhes as melhores condições com uma sala de descanso ao mais alto nível e claro, formações.
Existem vários aspectos a ter em conta neste simulador que promete pelo caminho fazer-nos algumas rasteiras, sempre de sorriso na cara.
Humor no ponto a par com a identidade da Two Point
Uma das características que sempre marcou a franquia Two Point é o seu humor único e o tom leve que permeia todo o jogo. Two Point Museum mantém essa tradição, com visitantes que interagem de maneira caricata, funcionários com especializações absurdas e até mesmo situações inusitadas que geram momentos de riso. A Two Point Studios continua a apostar num tipo de humor que consegue ser tanto irónico quanto absurdo, o que contribui para uma experiência descontraída e divertida.

Este humor também é presente nas mensagens de rádio e descrições dos objetos expostos. Por vezes nem acreditamos bem no que estamos a ouvir, mas, a verdade, é que acaba por descontrair ainda mais toda a experiência.
Visualmente com margem para mais mas cumpre
Em termos gráficos, Two Point Museum mantém o estilo visual que se tornou marca registada da série: animações simples, mas eficazes, que garantem uma experiência visual agradável e acessível. A simplicidade gráfica permite que o jogo seja jogado de forma fluida, sendo que não sentimos qualquer quebra de desempenho enquanto jogámos. No entanto, há alguns pontos que poderiam ser melhorados, um toque extra de detalhe e iluminação poderia adicionar uma camada de realismo que tornaria esses cenários ainda mais imersivos.
Não querem a pressão das missões? Joguem em sandbox
Para os jogadores mais criativos que querem experimentar sem limitações, o modo sandbox de Two Point Museum oferece uma plataforma onde podem criar o museu dos seus sonhos. Neste modo, não há grandes restrições, o que permite aos jogadores misturar estilos, criar exposições temáticas e explorar as mecânicas do jogo da maneira que mais lhes agradar. Além disso, o modo sandbox inclui desafios especiais, como gerir um museu constantemente invadido por ladrões ou criar um museu que se baseie exclusivamente em gerar buzz através de marketing e publicidade.
Serve também para melhorar e experimentar sem o peso de estragar o nosso progresso no modo campanha, estando disponível para todos logo desde o início e livre de receios.

Uma excelente simulação com margem de progressão
Embora Two Point Museum seja uma experiência envolvente, há pequenos detalhes que poderiam ser aprimorados. Em certos momentos, o jogo exige que o jogador espere pela conclusão de determinadas tarefas, o que pode quebrar o ritmo e tornar a jogabilidade um pouco repetitiva. Aconteceu-nos também um bug ou outro, quando, por exemplo, funcionários perdiam o progresso desenvolvido ou não conseguíamos selecionar objectos nos menus. Foram casos muito excepcionais e que acreditamos que sejam resolvidos com as correções que a Two Point vai lançar nas próximas semanas.
Uma evolução promissora
Two Point Museum é, sem dúvida, o melhor jogo da franquia até agora. A introdução das Expedições, a reformulação da campanha e a liberdade do modo sandbox tornaram a experiência mais dinâmica e envolvente. A Two Point Studios conseguiu modernizar a série sem perder a identidade, equilibrando o humor e a profundidade da gestão.
Se já és fã dos jogos anteriores ou se procuras um simulador de gestão acessível e divertido, Two Point Museum é uma excelente escolha. Com a sua combinação de humor, mecânicas inovadoras e a sempre presente diversão, este título oferece uma experiência que vai conquistar tanto os fãs antigos quanto os novos jogadores.