A Hazelight Studios repete a proeza. Se achávamos que It Takes Two era o auge da experiência cooperativa nos videojogos, Split Fiction chega para redefinir o género e elevar ainda mais a fasquia. Com uma narrativa inesperadamente envolvente, um desenho de níveis criativo e mecânicas que surpreendem a cada fase, este é, sem dúvida, o jogo cooperativo mais brilhante que já jogámos.
Índice
- (Introdução) O poder da cooperação na mão dos mestres
- (História) Uma história que surpreende
- (Jogabilidade) Mecânicas que desafiam e inovam
- (Jogabilidade) Como foi jogar em cooperativo?
- (Cooperativo) Humor no ponto a par com a identidade da Two Point
- (Gráficos) Desempenho estável, cenários pouco interativos
- (A melhorar) Há pouco para melhorar mas…
- (Fecho) Uma aventura que fecha em grande
- (Conclusão) Split Fiction: o primeiro candidato a GOTY
O poder da cooperação na mão dos mestres
Desde A Way Out, ficou claro que a Hazelight tem uma missão: criar experiências cooperativas que se tornem inesquecíveis. Split Fiction não foge à regra. O jogo foi pensado do início ao fim para ser jogado a dois, e cada desafio reforça a ideia de que “duas cabeças pensam melhor do que uma”.
Se em It Takes Two a dinâmica entre os personagens era pautada por um casamento em crise, aqui a história gira em torno de duas escritoras em busca do seu lugar no mundo literário. Zoe e Mio são as protagonistas deste conto digital, e a forma como as suas personalidades contrastantes impactam na jogabilidade é simplesmente genial.
Uma história que surpreende
Zoe é extrovertida, cheia de energia e apaixonada por mitologia medieval. Mio, por outro lado, é introspectiva, prefere a ficção científica e luta com questões pessoais. Quando ambas são colocadas frente a frente para criar um livro em conjunto, um acidente inesperado faz com que sejam transportadas para um mundo que mistura os seus géneros literários favoritos.
O resultado é um universo que se transforma constantemente, alternando entre cenários de fantasia medieval e ficção científica de forma orgânica e visualmente deslumbrante. O enredo, que inicialmente pode parecer simples, revela-se repleto de camadas emocionais e reviravoltas que mantêm o jogador investido do início ao fim.
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Estes níveis são desenhados de forma tão original que se tornam, sem exageros, numa obra-prima. Cada cenário foi meticulosamente pensado para proporcionar não só belíssimos visuais, mas também mecânicas que fazem sentido dentro do contexto narrativo.
Os ambientes mudam de maneira fluida entre os dois estilos literários, criando desafios específicos para cada parte da jornada. Os momentos de fantasia medieval trazem castelos gigantescos, florestas encantadas e batalhas contra criaturas místicas, enquanto a ficção científica aposta em tecnologia futurista, quebra-cabeças interdimensionais e desafios baseados em gravidade.
A forma como tudo se encaixa sem quebrar o ritmo do jogo é impressionante. Em nenhum momento sentimos que algo está deslocado ou inserido apenas para parecer “cool”. Cada fase tem um propósito e contribui para a progressão da história e da jogabilidade.
Apesar do pouco detalhe que os diferentes níveis podem oferecer em termos de interação com os ambientes e destruição, o seu core genial está mesmo na forma em como estão desenhados para os jogadores terem que interagir em equipa.
Mecânicas que desafiam e inovam
Split Fiction brilha ao apresentar mecânicas que evoluem constantemente. Cada nova fase introduz uma mecânica inovadora e, antes que ela se torne repetitiva, o jogo muda as regras novamente. O ritmo é perfeito, garantindo que cada momento seja fresco e surpreendente.
Desde puzzles que desafiam a criatividade até sequências de plataforma e combate que exigem precisão e timing perfeito, o jogo nunca perde a oportunidade de reinventar-se. Um exemplo brilhante é a utilização de espelhos, um conceito comum em videojogos, mas que aqui ganha uma execução inovadora e inesperada. Cada jogador ocupa uma metade do ecrã e em tempo real, podemos orientar e guiar-nos na acção.
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Outro ponto alto é como as habilidades de Zoe e Mio são interligadas. Cada uma delas interage com o ambiente de forma distinta, e muitas soluções dependem de uma colaboração inteligente entre os jogadores. Se uma falhar, a outra compensa, criando um equilíbrio que reforça a essência do cooperativo.
Como foi jogar em cooperativo?
Sem rodeios: funciona melhor do que em qualquer outro jogo. Split Fiction é, sem dúvida, o jogo que melhor utiliza mecânicas cooperativas até hoje. A dinâmica entre os dois jogadores é sempre relevante, nunca ficando entediante para nenhum dos lados.
E para começar, bastam três ou quatro cliques após iniciar o jogo e arrancamos a aventura em conjunto. Durante a nossa análise, em que jogámos cooperativo (online), nunca sentimos qualquer quebra ou latência na ligação, foi tão suave como estar a partilhar o sofá.
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Cada nível vai exigir que ambos participem ativamente, alternando momentos de suporte e protagonismo. Em algumas situações, um jogador precisa resolver um puzzle enquanto o outro se envolve numa sequência de plataformas ou combate. Isto garante com que cada um tenha o seu momento e mantenha-se envolvido durante toda a experiência.
No entanto, existe um ponto de atenção: Split Fiction é um pouco mais desafiante do que It Takes Two. Algumas secções exigem mais precisão e coordenação, o que pode dificultar a vida de jogadores menos experientes. Felizmente, o jogo adota uma abordagem acessível, trazendo checkpoints generosos e sistemas de ajuda que evitam frustração.
Desempenho estável, cenários pouco interativos
Tecnicamente, Split Fiction impressiona pela fluidez e estabilidade. O jogo corre a sólidos 60fps na PlayStation 5, garantindo uma experiência responsiva e sem quedas bruscas de desempenho. Os tempos de carregamento são praticamente inexistentes, graças ao SSD ultrarrápido da consola, o que mantém o ritmo do jogo sempre dinâmico.
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Os visuais são deslumbrantes, com um trabalho de iluminação que realça a dualidade entre fantasia e ficção científica. Os detalhes nos cenários, como partículas em movimento e efeitos de reflexo, adicionam ainda mais imersão, pecando apenas pela falta de maior interação com os mesmos. Podemos disparar contra uma parede e nada se destruir ou partir.
Apesar do excelente desempenho, existem algumas pequenas falhas ocasionais, como colisões inconsistentes em certos momentos e um ou outro bug de animação. Nada que comprometa a experiência geral, mas são detalhes que poderiam ser refinados em futuras atualizações.
Há pouco para melhorar mas…
Embora Split Fiction seja uma experiência fantástica, há alguns aspetos que poderiam ser aprimorados. Um deles é a curva de dificuldade em certas secções, que pode ser um pouco inconsistente. Algumas partes são extremamente acessíveis, enquanto outras exigem uma coordenação quase perfeita, o que pode frustrar jogadores casuais.
Outro ponto é a ausência de um modo online com matchmaking. O jogo foi projetado para ser jogado localmente ou com um amigo online, mas sem uma opção de matchmaking, jogadores que não têm um parceiro fixo podem encontrar dificuldades para aproveitar a experiência: a Hazelight aconselha a que neste caso, passem pelo Discord do jogo.
Uma aventura que fecha em grande
Se Split Fiction já é espetacular durante toda a campanha, o final do jogo é algo épico ao mais alto nível. São momentos de pura genialidade, misturando tudo o que o jogo apresentou até ali de uma forma completamente inesperada.
Sem entrar em spoilers, podemos dizer que este é o tipo de final que deixa os jogadores de boca aberta. Não só pelo espetáculo visual, mas também pela maneira como fecha a história e traz um senso de satisfação raramente visto em videojogos.
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Split Fiction: o primeiro candidato a GOTY
Definitivamente. Split Fiction é um jogo que não apenas eleva o padrão dos jogos cooperativos, mas também entrega uma experiência memorável do início ao fim. Com uma narrativa envolvente, design de níveis impecável e mecânicas sempre surpreendentes, a Hazelight mostra, mais uma vez, que são os mestres do co-op.
Se tens um parceiro de jogatina e queres viver uma das experiências mais inovadoras e emocionantes dos últimos tempos, este é o jogo certo para ti. Split Fiction é, sem dúvida, um forte candidato a jogo do ano e o melhor co-op já feito.