Lost Soul Aside – Análise

Release Date
29 Agosto, 2025
Estúdio
China Hero Project
Género
RPG acção
Plataformas
PS5 e PC

Lost Soul Aside não cumpre totalmente as expectativas elevadas criadas à sua volta, mas ainda assim entrega sequências de ação e combate empolgantes. Infelizmente, tudo isto se desenrola num mundo pouco inspirado e com personagens que deixam a desejar no que toca a profundidade e carisma.

Antes de começarmos, um pouco de contexto: Lost Soul Aside começou a ser desenvolvido em 2014. Na altura o desenvolvimento estava a cabo de uma única pessoa, Yang Bing que via no seu projeto uma homenagem ao universo Final Fantasy.

Uns anos mais tarde a Sony China decidiu apoiar o seu desenvolvimento até aos dias de hoje, traduzindo-se no lançamento de Lost Soul Aside no passado dia 28 de Agosto.

Influências à mostra

Lost Soul Aside é um hack’n slash que combina elementos RPG. As influências de outros títulos são facilmente identificáveis. Parece que estamos a jogar uma mistura de Final Fantasy VII Remaster com Devil May Cry.

Numa perspectiva de mundo nota-se claramente uma forte inspiração em Final Fantasy VII. Mal acaba o prólogo, senti que estava em Midgar. Entretanto, não podemos deixar de salientar que esta réplica, como todo o mundo no geral, encontra-se uns furos abaixo do apresentado no universo de Final Fantasy.

Já no que diz respeito ao combate, a grande influência é Devil May Cry, que com o seu estilo único, permite um combate rápido e feroz com combinações visualmente espetaculares.

Narrativa e personagens

O maior problema deste jogo é exatamente a sua história e personagens. A narrativa em si não é má, simplesmente é-nos transmitida de uma forma pouco cativante através de diálogos pouco envolventes (em todos os sentidos possíveis) e de personagens desinteressantes, acelerando em muito o processo de desconexão entre o jogador e a história.

Ainda assim, vamos tentar o nosso melhor para relatarmos a premissa do jogo.

Lost Soul Aside começa na cidade de Midgard Imperial Capital, dominada pelo regime de Shinra por um regime baseado na opressão e autoritarismo. Jogamos no papel de Cloud Kaser, um jovem que pertence a um grupo revolucionário que ambiciona derrubar o tal regime autoritário.

No meio de uma celebração imperial, justamente quando Kaser e o seu grupo se preparavam para tentar derrubar o regime, os Voidrax, criaturas vindas de outras dimensões e cujo objetivo é absorver almas humanas, aparecem e começam a atacar a população. Comandadas por Sephiroth Aramon os Voidrax conseguem causar caos e destruição, levando a que o nosso personagem caia nas profundezas da cidade.

É aí que Kaser encontra Arena, uma dissidente dos Voidrax que dá ao nosso personagens uma espécie de super-poder com a especial habilidade de conseguirmos combater os inimigos que estão à nossa frente, conseguindo com isso regressar à superfície e começar a sua odisseia de tentar resgatar a alma da sua irmã Louisa que havia sido absorvida pelos Voidrax.

Uma jornada interdimensional

Nesta jornada iremos enfrentar uma variedade grande de inimigos localizados em diversos pontos do mapa…interdimensional. Sim, durante o jogo iremos conhecer outras dimensões que nos mostrarão realidades alternativas.

Lost Soul Aside adopta uma abordagem linear que encaixa perfeitamente no jogo. Não sentimos que, apesar dos diversos cenários, justificasse uma abordagem de “mundo aberto”. Iria certamente cair nos erros de grande parte dos jogos que optam por esse caminho, e tornar-se-ia bastante repetitivo e desinteressante.

Em termos de jogabilidade, Lost Soul Aside é boa, com grande ênfase no combate. Temos partes onde temos de resolver alguns ‘puzzles’ ou atravessar plataformas, mas o grande destaque vai sem dúvida para o combate.

Temos ao nosso dispor ataques fracos e fortes, defesa e acima tudo habilidades. Através de um conjunto de acções e mecânicas simples, conseguimos alcançar combates vistosos que nos trazem uma satisfação quando conseguimos encaixar uma sequência de ataques consecutivos, um pouco como Devil May Cry. Estas combinações, se bem executadas, produzem por vezes um deslumbrante show visual, sendo um dos pontos mais fortes do jogo.

No entanto, e apesar da espetacular idade do combate, sentimos uma certa desconexão do jogo derivado da sua fraca narrativa, podendo levar a uma falta de propósito do jogador. Literalmente entramos numa sala e temos uma série de inimigos ou mini-bosses para enfrentar. Seguimos para outra sala e voltamos a repetir o cenário anterior. Se não existir a conexão sobre pelo qual estamos a lutar, o jogo resume-se apenas à acção/combate.

Existem quatro tipos de armas principais: sword, greatsword, poleblade e scythe, que vão sendo desbloqueadas no decorrer do jogo. Cada uma delas apresenta mais e menos valias, permitindo ao jogador escolher qual das armas se adapta mais ao seu estilo de jogo. Além disso, cada uma das armas tem ataques distintos e uma árvore de habilidades que te permite desbloquear mais ataques especiais. Esta árvore de habilidade também permite o jogador melhorar estatísticas básicas como saúde, fitness, etc.

O combate é sem dúvida o ponto mais forte do jogo, embora também venha com os seus problemas, principalmente contra os bosses cujo tamanho é grande, e onde, por vezes temos paredes invisíveis que se tornam numa grande desvantagem nos combates, pois estamos a contar com um espaço que não conseguimos aceder. Além disso, as lutas contra os bosses são por norma longas, pelo que este tipo de limitações podem levar a um grande nível de frustração.

Altos e baixos

Visualmente falando Lost Soul Aside consegue alternar de gráficos de duas gerações atrás (PS3), passando pela geração passada (PS4) e brilhando com momentos dignos da geração atual (PS5). Talvez derivado do seu ciclo de desenvolvimento de onze anos ter atravessado todas essas gerações, sentimos uma grande variação no que diz respeito à qualidade visual.

O combate, além de extremamente desafiante, oferece-nos espetáculos visuais deslumbrantes e dignos da geração atual de consolas. O destaque tem que ir para os combates com os bosses onde tudo é em grande escala e com uma definição considerável. Em compensação, o diálogo entre personagens chega a ser constrangedor por vezes, com personagens praticamente inanimadas e com um voice acting (em inglês) que nunca deveria ter sido incluído.

Em termos de performance não encontrámos grandes problemas. Aquando do lançamento o jogo apresentava alguns bugs e frame drops, mas que parecem ter ficado resolvidos com os updates lançados nos dias seguintes, pelo que a experiência nesse capítulo foi bastante positiva.

Lost Souls Aside
Lost Souls Aside pode não estar à altura das expectivas geradas aquando do seu primeiro trailer, e apesar de uma narrativa desinteressante consegue oferecer-nos excelentes e desafiantes momentos de acção.
Positivo
Combate
Por vezes consegue brilhar visualmente
Bastante intuitivo
A melhorar
Narrativa contada de forma desinteressante
Alguns gráficos datados
7

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