Desenvolvido pela Dambuster Studios e publicado pela Deep Silver, Dead Island 2 chegou finalmente às consolas e PC depois de 8 anos em desenvolvimento. Com mudanças de estúdios pelo meio, ninguém esperava o que aí vinha: um jogo altamente polido e um excelente passo em frente na série.
Do inferno de desenvolvimento a Hell-a
Inicialmente revelado em 2014 com um trailer, no mínimo surpreendente e diferenciador, Dead Island 2 passou rapidamente a ser um dos títulos mais aguardados na altura no entanto os anos foram passando e o título entrou no dantesco título: inferno de desenvolvimento. Isto traduz-se em 8 anos de desenvolvimento e três diferentes estúdios a continuar o trabalho que o anterior deixava para trás.
Com data de lançamento marcada para 2015 e até com algumas sessões de jogo fechadas, a Yager Productions viria mais tarde a cancelar a sua parceria com a Deep Silver e assim, a por fim a três anos de desenvolvimento sem jogo à vista. Quem viria a pegar no testemunho depois, seria a Sumo Digital, estúdio responsável por LittleBigPlanet 3; como é que se passa de algum tão querido para algo tão sangrento?! 😅
Em 2018 a Sumo Digital viria também a desaparecer do radar e Dead Island 2 ficou à deriva até aparecer a Dambuster Studios (Homefront The Revolution) que finalmente assegura a conclusão e finalmente lançamento de uma das maiores surpresas do ano, especialmente depois das expectativas estarem tão em baixo dado os anos conturbados da sua história.
Corram e apanhem armas afiadas pelo caminho!
Dead Island 2 tem lugar na Califórnia, em Hell-La (não confundir com LA 🌚) e como já devem ter adivinhado, um surto de zombies faz com que tudo vá por terra, incluindo o avião onde o nosso personagem se encontra. Esta é a faísca que acende a primeira pólvora no jogo: a escolha do nosso personagem, sendo que cada um oferece diferentes habilidades e formas de jogar.
Passaram-se 15 anos desde os eventos do primeiro jogo e o governo dos Estados Unidos foi agora forçado a colocar Los Angeles em quarentena. E é durante esta acção de quarentena que tudo começa: seis indivíduos intitulados no jogo por Slayers, viajam num avião que afinal tinha um infectado a bordo e este ataca tudo e todos, acabando por morder e infectar o nosso personagem.
Daqui para a frente, há muitas localizações por explorar, um arsenal vasto de armas para todos os gostos, de espadas, katanas, martelos, marretas…bem, até ancinhos! As armas vão ter diferentes raridades e podem ser personalizadas ao vosso gosto: ora serem mais rápidas, mais brutas ou com habilidades especiais como deixar os inimigos a arder ao impacto ou a sangrar, a personalização é vasta e vão passar o jogo a vasculhar todos os cantinhos à procura de armas cada vez melhores.
As armas que carregamos não são só focadas no nosso gosto pessoal mas também no tipo de zombie que enfrentamos. Existe uma extensa variedade de inimigos, como nunca antes visto num jogo de zombies e alguns vão ser resistentes a certos tipos de armas por isso quando fizerem a vossa mala: escolham bem!
Conteúdo para muitas horas de diversão
Dead Island 2 vive a fórmula que temos visto cada vez mais nos dias de hoje, jogos em mundo aberto (ou semi-aberto) em que temos diferentes regiões para explorar e cada uma com diferentes objectivos fora da narrativa principal. No caso de Dead Island 2, temos missões para salvar pessoas, recuperar armas perdidas ou simples missões secundárias que os vários NPCs nos vão pedindo.
O humor está em altas e Dead Island 2 tem o seu alvo bem definido: a elite de Los Angeles com actores de cinema, músicos e influencers a serem gozados constantemente. Muitos vão pedir-nos para decapitarmos zombies enquanto eles gravam para o TikTok…quem é que lhes vai dizer que há coisas mais importantes? Seja em diálogos ou personagens caricatas, nada bate atrair um grupo de zombies para uma piscina só para sorrateiramente ligar depois uma tomada e…TZZZ!
No desenrolar da campanha e das missões secundárias, o nosso personagem vai evoluindo de nível e com isto desbloqueando também uma novidade: Skill Cards, ou, cartas de habilidades em português.
Estas cartas são um dos factores mais diferenciadores em Dead Island 2 e permitem ao jogador personalizar a forma como joga. Ora podem por exemplo optar por ter uma habilidade que permite-vos lançar um pontapé à lá Liu Kang ou então um pontapé mais bruto com os dois pés em simultâneo que faz os zombies voarem. Existem muitas cartas e todas elas distintas, podem ser focadas em novas formas de combate, habilidades como por os inimigos a arder quando lhes batemos ou simplesmente aumentar a nossa força, velocidade, entre outros.
A escolha é vasta e cada jogador irá sem dúvida ajustar o seu “baralho” ao seu estilo de jogo.
Visualmente incrível
A maior surpresa que vão ter assim que comecem a jogar é: “mas de onde é que vieram estes gráficos?!”. O jogo está tão colorido e visualmente bem detalhado que é realmente uma surpresa muito agradável, especialmente nos dias de hoje onde os jogos estão a sair com muitos problemas visuais e técnicos.
Dead Island 2 afasta por completo este cenário: está polido, com uma framerate sempre constante nos 60fps e oferece uma extensa variedade de ambientes, cada um deles único na sua forma e com excelentes texturas e iluminações, fiquem com esta imagem tirada in game para perceberem do que estamos a falar:
Os ambiente são muito ricos mas seria ainda mais positivo se sofressem danos mais visíveis, sentimos por vezes pouco impacto quando lançamos uma granada no interior de uma sala e os panfletos que estão em cima da bancada nem mexem.
FLESH! Gore ao máximo detalhe
Não podemos falar dos gráficos sem falarmos do sistema de gore e desmembramento mais detalhado de sempre. Nenhum jogo tinha chegado ainda a este nível de detalhe e vê-se que a Dambuster investiu muitas horas a preparar e a detalhar um nível tão extremo de violência. É seguro dizer que este jogo não é para todos os estômagos e os mais sensíveis à violência, devem ficar de fora desta experiência.
Agora…se gostam de desmembrar zombies com uma espada ou martelar-lhes a barriga até os intestinos saírem, então encontraram o jogo ideal para vocês.
Mas não são só as nossas armas que afectam os inimigos mas também o ambiente. Se dispararmos contra um barril de ácido e este acertar num zombie, conseguimos ver a sua pele e carne a desaparecerem até ficarem só os ossos. Impressionante e brutal de assistir!
Dead Island 2: Sozinho ou acompanhado
É importante referir que realizámos esta análise em conjunto com outros dois jogadores e a experiência foi não só muito divertida como 100% estável. É intuitivo criar uma sessão e rapidamente os nossos amigos (ou se quisermos, pessoas estranhas) entrarem na sessão e continuarem onde nós estamos.
O progresso é totalmente partilhado por isso o que fizerem na sessão dos vossos amigos, ficará também feito na vossa, o mesmo se aplica aos troféus, sendo possível desbloquear os mesmos na sessão de outros jogadores.
A forma como Dead Island 2 está desenhado, oferece uma excelente experiência a solo ou acompanhado uma vez que não existe escolha de dificuldade, esta é igual para todos e o jogo apenas irá balançar a sessão consoante o número de jogadores na mesma.
Com amigos podem sempre partilhar umas risadas em conjunto enquanto pontapeiam zombies como uma bola de futebol mas sozinhos não se preocupem: a diversão está igualmente assegurada.
O futuro promete
Dead Island 2 é super divertido de jogar, visualmente muito agradável e polido e extremamente violento. Se gostam de jogos do género então é uma escolha no brainer (no pun intended) e se procuravam um jogo para dividir com mais dois amigos, este pode ser também uma escolha fácil.
Existe muito conteúdo e com variedade, grande parte das zonas e acesso a items especiais são trancados ao progresso da história, por isso existe sempre oportunidades para revisitar todos os cantos que Hell-a tem para oferecer.
Os únicos pontos de melhoria que ressalvam nas muitas horas de jogo assentam sim em questões que acreditamos ver resolvidas e evoluídas num próximo jogo como por exemplo: ser possível fechar portas e criar barreiras para “respirar” num ataque de zombies, maior detalhe nos danos dos ambientes e mais modos de jogo. Seria altamente ter uns modos multi-jogador para jogar com os amigos como por exemplo, atravessar uma horde de zombies!
Na sua essência é “apenas” mais um jogo de zombies mas acaba por ser um jogo de zombies muito bom que apenas precisava de mais modos de jogo e alguns elementos diferenciadores da concorrência, como já mencionado anteriormente com a adição de possíveis construções ou formas de transformar a nossa maneira de defender dos zombies.
Estamos perante a melhor surpresa de 2023 até agora e sem dúvida, um excelente passo em frente na franquia Dead Island, uma melhoria muito notável em relação ao seu antepassado e um excelente rival ao seu candidato mais directo: Dying Light 2.
