Back 4 Blood é o novo título da Turtle Rock Studios, o sucessor espiritual de Left 4 Dead que tenta a sua sorte num nicho que continua a cativar uma boa quantidade de jogadores. Será que conseguiram adaptar-se aos dias de hoje e trazer o que Left 4 Dead mais oferecia – a sua diversão interminável?
Para quem não conhece o género, Back 4 Blood é um shooter na primeira pessoa criado por uma equipa de experientes na matéria, a Turtle Rock Studios. O ambiente esse é de novo o mundo pós-apocalíptico mas os zombies foram agora substituídos por Ridden e…venha o Diabo e escolha! Esperem muitas horas de autêntico inferno enquanto procuram cantos para fugir destes ferozes inimigos.
A narrativa acaba por cair sempre em segundo plano quando estamos por estas aventuras mas aqui a premissa é simples: um grupo de sobreviventes chamado de Cleaners está comprometido a segurar a última fortaleza da humanidade, Fort Hope – centro de operações onde nos preparamos antes dos confrontos.
Tal como nos seus jogos anteriores, a campanha encontra-se partida em vários atos que dividem-se em sub-missões dentro de cada ato.
Sozinho não, acompanhado!
Antes de começarmos fica a ressalva, se estão a ler esta opinião por estarem indecisos entre comprar ou não Back 4 Blood, fiquem a saber que toda a diversão que podem conseguir neste jogo é sem dúvida ao jogar com amigos e nunca sozinho. Infelizmente o título não está tão pensado em ser jogado a solo mas sim entre quatro amigos (bem, basta ler o nome). Ao jogarem sozinhos vão ficar frustrados com o comportamento da IA dos bots que acompanham a vossa luta e que grande parte das vezes, deixam muito a desejar. Por isso antes de mais…perguntem aos vossos amigos se está na hora de arranjar um novo jogo colaborativo.
Sistema de cartas procura ser a distinção
Quando começamos a jogar é introduzido um novo sistema de jogo – o fator diferenciador mais de Back 4 Blood que acaba por ser um sistema de cartas que modifica a forma como jogam em cada nível.
Ao nosso alcance está um baralho de cartas que vamos construindo à medida que progredimos nos níveis. Estas cartas vão saindo de forma aleatória e cabe ao jogador ir construindo de forma progressiva o seu melhor conjunto de modificações que o tornem mais preparado para o que aí vem.
Como um twist na forma de jogar, existem também as cartas do Director que por sua vez afetam os Ridden e os níveis em si, tentando com que cada vez que vamos jogar a experiência seja diferente.
Este novo sistema é a carta forte (badumtss!) da Turtle Rock Studios no seu novo título mas é algo que ao mesmo tempo pode afastar muitos jogadores de continuar a jogar. Apesar de termos um tutorial no início a explicar o seu funcionamento, acaba por ser um nível de complexidade que pode confundir e baralhar quem quer ter uma experiência simples e divertida: andar a matar tudo quanto é inimigo que aparece em conjunto com os amigos. São precisos uns bons pares de horas para começar a ganhar o gosto a este sistema.
Progressão não convida a muita repetição
Apesar de a campanha não ser muito longa, estes jogos procuram manter o jogador “preso” o máximo de tempo possível fazendo com que de certa forma consigamos progredir o nosso personagem e as suas habilidades, o habitual grind que aqui não faz assim tanto sentido. Back 4 Blood é um bom jogo para quem não quer focar tanto na progressão mas sim em corridas soltas de jogo com os amigos, desligar e amanhã retomar do zero.
Ao todo temos oito Cleaners para desbloquear, cada um com as suas habilidades específicas (por exemplo mais rápido, mais letal com uma específica arma, dar vida aos parceiros, etc.) mas a progressão que conseguimos dentro de cada um, é focada em cosméticos ou cartas modificadoras, acabamos por nunca sentir que estamos a evoluir o personagem com novas habilidades ou até melhores armas.
Expectativas claras, a progressão em si é focada em cada sessão de jogo que fazem uma vez que enquanto progridem os níveis da campanha (na mesma sessão) o vosso personagem vai ficando cada vez mais forte graças às cartas que vai recolhendo.
Dificuldade ainda a precisar de equilíbrio
Experimentámos Back 4 Blood com um grupo de amigos na dificuldade “normal” e…que pesadelo! Sendo que falamos de jogadores todos eles experientes no género, nunca pensámos sentir tanta dificuldade como sentimos neste jogo. A forma como as hordes rodeiam os jogadores e em segundos dizimam uma equipa é simplesmente devastador. A equipa da Turtle Rock Studios já comentou este tema prometendo que no início do próximo ano, irá lançar novos níveis de dificuldade, prometendo balancear mais a coisa.
Como está hoje em dia, se gostam de jogar em modos normais de jogo, é melhor levarem uma equipa muito experiente e paciente, caso contrário fica difícil.
Se não tiverem amigos para saltar no barco, podem sempre confiar no match-making e numa excelente adição: cross-play que coloca-vos a jogar com jogadores de outras plataformas. Dois pontos muito positivos para a jogatana não parar.
Jogabilidade assegura diversão máxima
Visualmente não há nada a apontar (jogámos na PS5); são 60fps constantes e um estilo visual já característico do género mas o grande ponto forte é a diversão na essência da jogabilidade. O controlo das armas e a sua variedade fazem com que toda a experiência seja realmente memorável. Corre tudo de forma fluída e enquanto houver munições para descarregar e espaço para correr, estamos bem.
Também há espaço para PvP
Se estão fartos de PvE e querem jogar PvP, está ao vosso dispor o modo Swarm onde num sistema battle-royale, duas equipas de quatro jogadores (cada) devem lutar pela sobrevivência. Cleaners contra Ridden. É um modo presente mas que vemos que não seja tão explorado quando comparado com a campanha co-op.
Back 4 Blood tem tudo para ser uma referência, só precisa de tempo
Back 4 Blood tem tudo o que precisa para ser um marco dentro do género mas para o conseguir precisa de tempo dos jogadores e de quem desenvolve conteúdo para o mesmo. Os jogadores precisam de ter paciência e continuar a insistir até encontrar a sensação final de B4B que resulta em largas horas de diversão e organização com os amigos.
Por outro lado, a Turtle Rock Studios ainda precisa de limar as arestas no que toca a conteúdo futuro (existe um Season Pass que assegura conteúdo no horizonte) bem como simplificar de alguma forma o sistema de cartas e a dificuldade. É um bom jogo com excelente sensação de armas e jogabilidade mas que por vezes complica demasiado algo que esperamos que seja simples.